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sábado, 1 de julho de 2017

RECORDANDO O JIM - MISSÃO JOVEM’16

LEMA: DO CORAÇÃO DE CRISTO AO CORAÇÃO DO MUNDO
Ainda que a distância nos vá separando daquele primeiro fim de semana de julho, dificilmente se apagará da memória de quem quis fazer comunhão: rindo, cantando, dançando, rezando, celebrando, conversando, interagindo, aprendendo, conhecendo, escutando, meditando…tudo num só fim de semana. É intenso, certo? Por isso marca!
Depois de instalados entre o arvoredo, com o céu por limite…logo tivemos oportunidade de receber um kit que nos iria acompanhar e fornecer orientação para o tempo que se seguia.
Entre a música, uma constante do encontro, e as orientações dos animadores, foram criados grupos com um team leader, integrando jovens oriundos dos mais diversos pontos do país, do Algarve ao Minho, com uma dinâmica de interação para refletir sobre uma das obras de misericórdia atribuída ao grupo e descobrir, no espaço da quinta, as diversas peças com que formariam um puzzle e, posteriormente, todos os grupos juntos construiriam o muro da misericórdia, o qual nos acompanharia ao longo de todos os momentos de oração do encontro, culminando com a eucaristia no domingo.
Em pleno clima de verão, a tarde destinou-se, após almoço partilhado, a caminhar pela cidade da Maia em busca dos sítios onde se dá rosto às obras de misericórdia. Cada grupo percorria a cidade em função da respetiva obra e, assim, todos de t-shirt amarela na qual se identificava a missão jovem, encheu-se a cidade de um colorido e juventude que animou as suas principais ruas.
Em cada lugar havia alguém à espera para acolher, disposto a ouvir e a responder – uma catequese em movimento e em campo, fora do contexto de sala, talvez mais propícia à escuta e mais eficaz quanto à experiência de vida.
Depois, todos os grupos, após visitarem os locais respetivos e de realizarem as atividades que lhes tinham sido distribuídas para o percurso do pedypaper, juntaram-se na grande Praça do Município, numa mole humana de amarelo vestida que tornava mais quente ainda o sol daquela tarde, numa animação contagiante. Cada grupo apresentou o seu cartaz com a frase que resumiria a sua obra de misericórdia e o seu “grito de guerra” onde se anunciava a paz e a bondade a que conduzem todas as obras de misericórdia. Ao som das músicas, já bem conhecidas, tocadas e cantadas pelo grupo de jovens da paróquia de Vagos, que animaram todo o encontro, e coreografadas pelos animadores, estes “puxavam” e convidavam a dançar, em verdadeiro clima de festa!
E ainda houve tempo para, na Praça, os jovens sentados formarem a palavra “JIM” que seria fotografada por um drone, a 30 m de altura (com a colaboração da Câmara Municipal) e que integrará o logotipo do próximo Missão Jovem.
De regresso às instalações dos Combonianos, estafados - uns mais que outros- os jovens não pararam de se “manifestar” em grande alegria, entoando os seus “gritos de guerra”, erguendo os seus cartazes, cantando… enfim, com todo aquele entusiasmo manifestado por megafone, “convocando” todos os moradores daquelas artérias urbanas a abeirarem-se da janela ou da porta para ver que alegria movia toda aquela onda amarela em movimento.
Finalmente, era a hora da higiene pessoal e do jantar. A energia gasta, logo foi reposta com uma bela de uma feijoada e os correspondentes acompanhamentos. Hora da refeição sempre momento de convívio e agora também já com interação com outros jovens que se conheceram durante todo o dia. 
E para quem pensasse que o dia tinha chegado ao fim…desengane-se, porque iniciavam-se dois pontos altos daquele sábado! - o concerto da Banda Missio e a vigília. 
A Banda pôs tudo a mexer… foi cantar, dançar e pular até à meia- noite e meia…
Bem cansados, creio eu, havia que passar da euforia ao momento da reflexão, para transitar para o sono até o dia amanhecer!
Magnífica aquela vigília! E que bela “catedral” com o céu estrelado por abóbada e a lua por candelabro e ainda alcatifa de relva. Até perto da 1h30, na “claridade” da noite, agora já fresca, numa ténua luz para permitir ler os textos, sentados na relva ou nas cadeiras, escutámos a Palavra, meditámo-La, pedimos perdão, agradecemos, orámos, reunidos como irmãos em volta do Pai.
Estávamos preparados agora para dormir, deixando Deus “descansar” também…pois deverá ser mais “fácil” para Ele cuidar de nós quando dormimos…
Domingo, Ele acendeu a luz logo cedinho, que entrou pelos nossos “quartos” sem persianas! Um doce acordar… com os raios do sol por entre o arvoredo e o cantar dos pássaros por embalo. Creio que alguns…não deram descanso ao seu Deus que teve de os velar acordados….
No domingo esperava-nos, bem cedo, o pequeno-almoço e de seguida a oração da manhã em comunhão com toda a Natureza! E mais dois momentos altos nos esperavam neste dia do Senhor.
Se no sábado fomos ao encontro das instituições, verdadeiras forças vivas da cidade, onde se operam no terreno as obras de misericórdia, naquela manhã vinham ao nosso encontro a Matilde, chegada de Évora, e o Rui, chegado de Penafiel.
Ambos nos vieram falar da sua vivência das obras de misericórdia. 
Matilde, de 22 anos, com ar de menina franzina, cheia de ternura na voz, de uma angelical sensibilidade, e com seu jeito natural e genuíno de comunicar e de contar histórias, a sua vontade de ajudar os outros, levou-nos às lágrimas. A partilha generosa da sua vivência como voluntária foi, certamente, uma referência e uma inspiração para todos quantos a escutaram atentamente. E creio que ouviram atentamente, porque ela cativa pela sua atitude, pela sua palavra, pela intensidade da sua vida, apesar de ainda tão jovem, pela sua fé e pela forma como fala do seu (nosso) Deus!
Não resisto, entre tantas vivências partilhadas, a deixar alguns apontamentos sobre algumas delas, passadas como voluntária na Ilha de Lesbos, na Grécia, onde morreu afogada aquela criança, cujas imagens correram mundo e se tornaram o ícone para alertar consciências na Europa, quanto ao drama dos refugiados, vindos da Síria e de outros países devastados pela violência.   

Contava-nos Matilde que, à semelhança de muitos, bombardeada com notícias e opinion makers, começava nela a crescer um sentimento de que não gostava e que a inquietava, relativamente aos refugiados. Aquelas perguntas: porque não procuram eles outros países mais próximos; vêm tirar postos de trabalho; vêm terroristas, etc., etc…
A Matilde estuda enfermagem e decidiu, no seu eu mais profundo, que teria de se confrontar com essa realidade dos refugiados para, cara a cara, conhecer, afinal, quem são os refugiados. 
Procurando saber de que forma poderia ajudar, defrontou-se com pedidos de ajuda monetária ou de bens. Não era, porém, essa a ajuda que ela poderia dar. Então contactou organizações estrangeiras e logo se inscreveu para integrar uma missão. Surpreendeu a sua mãe (o pai já faleceu e Matilde é uma de 9 irmãos) que não aceitou logo de bom grado tal decisão, mas que veio a respeitar e apoiar. 
Assim, foi parar a Lesbos, onde embateu de frente com a realidade. Fez de tudo o que era necessário, desde carregar sacos a, apenas, sorrir ou abraçar. Pequenas grandes histórias de gente em sofrimento, como a daquele pai que, após o desembarque e depois de ter perdido a mulher, carregava pela praia dois grandes sacos com os pertences que ainda lhe restavam, e os seus dois filhos pequenos, em total exaustão. Matilde, atenta ao que em seu redor acontecia, correu ao seu encontro, pegando num dos sacos, maior e mais pesado do que ela, e, assim, aliviando o sofrimento daquele pai que, em face da atitude de Matilde, se desfez em lágrimas e lhe agradeceu e confidenciou alguma da sua história de vida. 
Também lá fez a experiência de ser igreja. 
Porque a maioria dos refugiados são de religião muçulmana, havia indicação de uma mesquita para rezar. Mas Matilde começava a sentir o desgaste e a falta de energia. Faltava-lhe um sítio para rezar ao seu Jesus… uma igreja, os símbolos... Sentia-se a angustiar e ligou para um padre amigo em Portugal, dando conta disso mesmo. Ele pediu-lhe calma e disse que iria resolver o “caso” dela, mas eis que naquele mesmo dia um jovem refugiado lhe perguntou por um sítio para rezar, pergunta a que ela respondeu indicando-lhe a mesquita. Mas ele disse-lhe:” Eu sou católico”. Então, Matilde abraçou-o e disse-lhe: “A igreja está aqui”. 
Na verdade, nós somos as pedras vivas do templo do Senhor!
Mas muitas são as histórias de humanidade que Matilde teve para contar naquela manhã, as suas experiências de vida e, particularmente, a missão de voluntariado. As amizades que fez, os contactos que ainda mantém, o seu regresso a Portugal no dia em que tinha um exame na faculdade e para o qual não estudou, mas que apesar disso realizou com muito êxito e as várias mensagens que tinha nesse dia, vindas de muitas das pessoas que ali tinha deixado e com quem ainda mantém contacto. 
Afinal, ali encontrou pessoas em sofrimento que perderam ou deixaram todo o seu conforto, as suas coisas, as suas ocupações, a maior parte da história das suas vidas, que arriscaram a vida com o único propósito de a salvar. Esses são os refugiados.
Tivemos também o Diogo, psicólogo, que nos falou das diversas experiências de voluntariado. A mais extensa e dura, no México, com crianças e jovens sem esperança - efetivamente, o fim da linha de qualquer vida. Trabalha atualmente com jovens que, como ele mesmo diz, fizeram más escolhas na vida. Não fizeram as opções certas. Todos com histórias de vida perdida, a bater no fundo, que o Digo tem missão de reencontrar e de reerguer. E que felicidade sente, confidenciou-nos ele, quando, reconstruindo peça sobre peça, ajuda a recontar uma história que tem tempo e caminho para continuar a ser escrita, mas agora com tinta de esperança, para muitos capítulos que lhe faltam. E como dizer “DEUS” a estes “desesperançados”. O Diogo, que antes de cursar Psicologia, também andou pelos estudos da Teologia, tem ganho experiência nos caminhos sinuosos destes jovens, tem aprendido deles como fazê-lo. E como ele ama todos estes “seus meninos”! 
E o domingo culminou com a celebração da eucaristia e com o envio de todos os presentes para a missão. Desde aqueles que iam partir para longe, do Chade ao Sudão e ao Brasil, mas também todos os que iam regressar às suas paróquias, passaram através da porta do coração. Todos partiram mais fortes, mais reconfortados, mais disponíveis para partir e mais irmanados. Com certeza, melhores pessoas! Mais cheios de Deus!
Experimenta não perguntar o que Deus pode fazer por ti, mas antes o que deves fazer por Deus! Dirás: Deus não precisa que faças nada por Ele. E tens razão… Mas se compreenderes o quanto Deus te ama, terás uma vontade infinita de o louvar e bendizer e de amar todos quanto Ele ama e, assim, terás descoberto a tua própria essência! Terás descoberto um tesouro! Ter-te-ás encontrado!Aventura-te! 
CR 2016

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