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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

CICLO DE CONVERSAS AMPLAS

4ª CONVERSA 
(com o nosso bispo Sr. D. António Francisco dos Santos)
No passado dia 29 de janeiro, D. António Francisco começou a sua intervenção por saudar, em primeiro lugar, a recente nomeação do bispo D. António Augusto Azevedo, que foi pároco da nossa freguesia, e também os missionários da Boa Nova e ainda saudar a iniciativa e criatividade destes ciclos de conversas amplas que a pastoral familiar tem promovido na nossa paróquia de Vilar do Paraíso.
De seguida, deu-nos o privilégio de falar do seu percurso de vida, revisitando em memórias a sua infância e juventude. A sua terra natal – freguesia de Tendais, em Cinfães do Douro – a escola, a casa, os sabores, os odores, a igreja, o colégio, o seminário de Lamego…enfim, toda a sua caminhada até chegar aqui tão perto de nós. Para ele, a vida só tem sentido quando é uma vida partilhada, dada por inteiro… 
Tivemos, pois, naquela noite, o privilégio de conhecer o nosso bispo assim face a face, estando em comunhão com ele na partilha da sua história.
Filho e neto de emigrantes, no Brasil, D. António Francisco cresceu longe do pai, educado pela mãe e avós, numa família cristã onde se rezava o terço todos os dias. Ainda criança adormecia durante a oração do terço e, acordado por sua mãe, o avô dizia” deixa dormir o menino”. Sabia o seu avô que não há melhor forma de adormecer do que rezando e dormindo também se reza.
Recorda a infância passada na sua terra situada entre a serra e o rio, onde existiam então muitas famílias e muitas crianças. Havia cinco escolas e a mais próxima da sua casa distava cerca de uma hora de caminho. Teve uma infância feliz, gostou muito da escola e a única tristeza foi ter sido o único rapaz a prosseguir os estudos.
Os seus pais desejavam muito que estudasse para ter uma profissão com futuro e, assim, depois de dez anos passados na aldeia, iniciou-se uma segunda etapa da sua vida. Porém, o projeto que Deus tinha para si não era o mesmo dos pais. Ainda na primária, um dia numa redação escreveu que queria ser padre e a professora chamou-o e queria que ele lesse a redação para a turma, mas ele respondeu-lhe que era segredo, nem à mãe ele havia contado. A professora insistiu que lesse porque era uma coisa boa para ele e para todos e que iria ela contar à mãe. Perante a reação da professora ele percebeu na alegria dela que deveria ser realmente uma coisa boa. Como prometera, a professora contou a sua mãe que, tratando-se do seu único filho, recebeu a notícia com desconfiança. Escreveu ao pai contando do seu desejo de ser padre e ir para o seminário ao que o pai respondeu “deixa-o ir que ele depois muda de ideias”.
Já no seminário, sempre que vinha de férias sua mãe perguntava: “Ainda voltas?”
Sempre voltou e terminou…. Dos seus colegas muitos desistiram e chegaram ao fim muito poucos.
A sua formação é contemporânea do maio de 68, em França, e do concílio Vaticano II e dos movimentos que dele resultaram.
A felicidade e o bem não estão em fazer o que achamos bem, mas em fazer o que está bem…
Quando a sua mãe adoeceu esteve internada durante 9 meses, perdeu grande parte das suas capacidades, nomeadamente deixou de falar, tendo posteriormente recuperado. Passados 12 anos teve uma recaída, ficando desde então acamada.
Como filho único tinha o sentido da missão, sabia que queria estar aí ao lado da sua mãe na doença. Falou com o seu bispo e decidiu ficar a viver com ela. Ela demonstrou a sua disponibilidade para ir para um lar. Ele sabia que ela o demonstrava para não perturbar a sua missão de padre, mas nunca lá a colocou.
O sentido da missão consiste em procurar, descobrir, abraçar, deixar-se seduzir pelo projeto de Deus. A missão de serviço aos outros, o sentido do bem que as pessoas querem realizar, vidas dadas por inteiro. A realização pessoal passa sempre pelo serviço aos outros. Ser um olhar sereno que ajude a encontrar serenidade, poder ir ao encontro numa vida gasta e desgasta ao serviço dos outros. Tantas pessoas que vão ao encontro dos outros num mundo tão policêntrico… 
A chave desta vida de entrega são as Bem-Aventuranças.
Uma frase que ajuda à sua realização é que “gosta de partir de manhã com alegria e regressar com gratidão”.
Depois de sair da sua terra e de fazer os seus estudos foi estando em diversos sítios. “Onde nos plantamos é que temos de florir e frutificar”. Mas voltar à nascente, à família, à escola, à terra faz bem! É bom!...
Recorda a oração diária do terço e a oração da sua mãe a N.ª Sr.ª: “Mãe Tu tudo podes porque és mãe de Deus e tudo deves porque és minha mãe”. O espírito orante da sua mãe teve repercussão na sua vida. A oração é a melhor alavanca para superar os obstáculos. Citando alguém: “Reza como se tudo dependesse de Deus e trabalha como se tudo dependesse de ti “. 
Orar e pedir a Deus que nos dê luz para ver o caminho e coragem para decidir o caminho. Deus não nos pede o que é fácil, mas antes o que é necessário.
Referiu ainda que muito aprendeu com o bispo D. António Baltasar Marcelino cujo lema era: “Quem quer o que Deus quer tem tudo quanto quer.”
Duma forma muito serena, muito fluída, assim o orador nos foi mostrando a tela da sua vida em que cada etapa foi encarada com essa entrega de quem só encontra sentido para a vida quando a parte e reparte, gasta e desgasta por inteiro, ao serviço dos outros com a alegria de quem tem o Evangelho por bússola e a vontade de Deus por projeto.
Um belo quadro, que podemos dizer se completou com a afabilidade das respostas às perguntas da assembleia. E assim terminou a noite, com a comunidade paroquial mais enriquecida, mais irmanada, mais próxima, mais em comunhão com os seus pastores. Doravante quando ao domingo rezarmos pelo nosso bispo António Francisco, com certeza a nossa oração será mais fecunda, porque mais do coração. O nosso Ámen será mais sentido…
Agradecimentos:
Equipa da Pastoral da Família
União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso
Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia
FotoMartinhoValadares
Pedro Nobre  www.cca.2you.pt/

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